Sunday, July 31, 2011


Saturday, June 11, 2011

Os sonhos de Verônica








A história que o quadro "Construindo Um Sonho", que o programa Domingo Legal (SBT) vai mostrar neste domingo, dia 12/06, teve início em Limeira, há sete anos, como mostra esta matéria da Gazeta de Limeira, de 26 de janeiro de 2004. Na época, Verônica Cavalcante Teixeira, e marido Geraldo Manoel Teixeira tiveram que deixar às pressas a casa que construíram, no Jardim Ibirapuera, por motivos pessoais.
Em Rio Claro, a família viveu em imóvel alugado, até que, com a venda da casa de Limeira, pôde comprar terreno e construir a casa que é enfoque do programa deste domingo.
Quando se mudou para a casa nova, ela não tinha telhado, piso, nem reboço nas paredes. Mas as dificuldades, que começaram com a luta para deixar a casa em ordem - o primeiro sonho de Verônica - foram mais além, com o diagnóstico de câncer que ela recebeu em meados de 2005. A renda de Geraldo, antes voltada ao sustento da família e ao acabamento do imóvel, era quase toda voltada ao tratamento da doença.
Mas não era apenas o desejo de restabelecer a saúde - seu segundo sonho - que manteve Verônica firme e persistente, mesmo com os efeitos do tratamento. Algo mais forte a mantém viva: a sua fé.
E é justamente essa fé que o programa vai mostrar. Desde que recebeu o diagnóstico da doença, ela já passou por cinco tratamentos. Cirurgias, sessões de quimioterapia e seus efeitos não tiraram a vontade de viver. Verônica sempre teve vida muito simples. O desejo de ver os filhos crescerem e a grande fé em Deus é o que a apega à vida e renova suas esperanças de superar a doença.
Com opiniões próprias, e determinado, Geraldo optou por não utilizar recursos oferecidos pela família em sua luta por enfrentar o tratamento da esposa e dar melhores condições de vida aos filhos. E as dificuldades não foram poucas. Em época de chuva, eram poucos os pontos da casa onde não caía água, que se infiltrava na laje.
Incentivados por amigos da família, ela resolveu, há cerca de dois anos, escrever uma carta para o Domingo Legal - quando ainda era apresentado por Gugu Liberato - contando sua história. O tempo passou sem nenhum retorno. Aos poucos, Geraldo ia fazendo alguma melhoria na casa, mas de tão simples, elas pouco apareciam.
Jefferson, o filho mais velho do casal, não desistiu. Foi uma de suas cartas, onde relatava alguns apertos que presenciou o pai passar, que comoveu a produção do programa, agora apresentado por Celso Portiolli. A família não acreditou quando, no dia 29 de abril, Portiolli em pessoa e uma multidão chegou à residência, disposto a realizar o sonho da dona de casa.
O casal e os três filhos foram levados para um hotel fazenda e lá permaneceu por 20 dias - até a entrega da casa reformada, no último dia 18. Durante o período, Verônica impressionava a todos ao chegar de motorista, em viatura com a logomarca do SBT, às sessões de quimioterapia em hospital de Limeira. Não podia ter contato com familiares, esta era a regra.
O fim desta história, espera-se, deve demorar muito a se desenrolar. Mas o desfecho da luta de Verônica em ver a casa reformada e mobiliada em grande estilo, pode ser visto na íntegra, neste domingo. E surpresas, que incluíram também a presença da mãe e irmã de Verônica, que residem no interior do RN e tiveram a viagem custeada pela emissora.
Verônica é minha irmã. Eu, que também que gravei depoimento para o programa, lembro das várias caixas de lenço que a produção levava para dentro da casa, quando gravava-se a entrega. Pensei que eram pro meu cunhado, que é muito emotivo. Mas depois soube que quem usou os lenços foi o Celso, que não parava de chorar e não podia aparecer assim no vídeo.
Verônica também foi brindada com a surpresa de ter a presença de nossa mãe Guiomar e nossa irmã mais velha Verinha, na entrega da casa. A produção do programa foi busca-las em São Miguel, interior do RN, onde vivem, especialmente para a ocasião.
O programa também deve exibir o encontro de Geraldo com a dupla sertaneja Milionário & José Rico, de quem ele é fã incondicional. O SBT levou a família para assistir ao show da dupla, que ocorreu dois dias depois, em um clube de Limeira/SP. Geraldo foi chamado ao palco e realizou um sonho à parte. A repórter Silvana Kieling acompanhou toda a festa.
O Domingo Legal vai ao ar a partir das 11h. /////// atualização /////// Verônica faleceu em 7 de novembro do mesmo ano, aos 43 anos, menos de cinco meses depois de o programa ir ao ar. Deixou o marido, Geraldo, filhos Jefferson, Cynthia e Fellipe, uma legião de amigos, irmãos e mãe, e uma lição de fé inabalável em Deus e até o último suspiro, em sua cura. Na luta contra o câncer, apesar do inevitável desconforto causado pelo tratamento e efeitos da doença, em nenhum momento reclamou. Pelo contrário: respondia com um terno sorriso, quem a questionava a respeito. Sua família e exemplo de vida são o seu legado.

Friday, May 06, 2011

Rádio Educadora AM 1020 KHz de Limeira, 72 anos




LIMEIRA NO ANO DE 1939

Texto de
Altino Stalberg*, 1998


Ao passarmos em revista os acontecimentos ocorridos em 1939, se destaca como
dos mais significativos, o que se relaciona com o rádio!
É a Guglielmo Marconi (1875-1937) que se atribui a invenção do rádio, após
também haver inventado o telégrafo "sem fio", conforme a patente que ele registra em 2 de junho de 1895.
Em face dessas duas importantes invenções no campo das ondas hertizianas, foi
reconhecido como pioneiro da radiocomunicação. Depois que criou o telégrafo "sem fio", em 1895, Marconi continuou a pesquisar: sua meta era transmitir não só sinais pelo espaço, mas igualmente voz humana e os demais sons, através das misteriosas ondas eletromagnéticas, demonstradas e captadas pelo físico Heinrich Rudolf Hertz (1857-1894). Em homenagem a este físico alemão, aquela descoberta recebeu o nome de "ondas hertzianas".
Em seus trabalhos de laboratório, conseguiu Marconi, inicialmente, passar sinais
luminosos, a exemplo do que ocorreu nos anos_30, quando da Europa acendeu as luzes da
estátua do Cristo Redentor, no pico do Corcovado, no Rio de Janeiro.
Até que, em maio de 1924, realizou seu sonho com a 1a transmissão — à distância -,
por ondas curtas, da voz humana, entre o País de Galles e a Austrália. Estava assim
inaugurada a era da radiofonia!
Que caminhos levam os homens ao descobrimento? Sem dúvida alguma a sua
inquietude de saber cada vez mais, de chegar enfim à essência das coisas...
Da descoberta das ondas eletromagnéticas, se daria origem, em seguida, aos raios
gama, raios X, ultravioleta e infravermelho, às microondas, sem falar do rádio e da TV, todos de relevante aplicação em beneficio da humanidade!
Com o seu admirável invento, Marconi propiciou ao homem — dentro do próprio lar
-, pôr-se em contato com sua cidade, o seu país e o resto do mundo, através de seu receptor de rádio: sintonizando em seu dial, as notícias do dia, ouvindo números musicais, entrevistas, shows, irradiações esportivas, novelas e outros inumeráveis programas...
Hoje em dia — com o seu aparelhinho portátil, as pessoas podem se distrair, ouvindo
seus programas favoritos, tanto em sua casa como no trabalho e até andando pelas ruas!
Marconi, depois de receber o Prêmio Nobel e até haver sido feito Marquês, pelo rei
da Itália, falece em agosto de 1937, ingressando assim na galeria dos grandes inventores do mundo.
A partir de meados da década de 30, o rádio se transforma, em nosso país, no maior
veículo de comunicação de massa, contribuindo para levar até aos mais longínquos
rincões noticiários do dia, as novidades musicais, os acontecimentos que ocorriam e, que, geralmente eram irradiados pelas emissoras.
Consta que a primeira estação de rádio do país foi montada no Rio de Janeiro, pelo
cientista Roquette Pinto, com o incentivo do governo da União, se dando isso nos anos 20. Em 1932, já havia emissora em São Paulo, através da qual o eloqüente e inflamado tribuno Ibrahim Nobre concitava e levantava o povo paulista, no sentido de engajá-lo de corpo e alma na Revolução de 32!
As primeiras emissoras de rádio do interior se estabeleceram em Santos e
Campinas; em São Paulo, algumas pioneiras foram as rádios: Educadora de S. Paulo,
Record, São Paulo, Piratininga. No Rio, tivemos as rádios: Educadora do Rio de Janeiro, Club do Brasil, Mayrinck Veiga, Nacional e rádio Cajuty, entre as primeiras.
As transmissões radiofônicas, portanto, tiveram um impacto cultural, social e
político impressionante, não só no Brasil como no mundo todo!
Só a televisão, lá pelos anos 60, foi capaz de suplantar as programações das rádios
junto ao público ouvinte. E, assim mesmo, adaptando novelas e outros programas de
sucesso no rádio, atraindo, inclusive, numerosos artistas e radialistas para atuar nas tevês! E deste modo conseguiu a TV arrastar as multidões no aumento de sua audiência.

A chegada da radiofonia em nossa cidade deu-se em 7 de maio de 1939, quando
aconteceu a inauguração oficial da "PRJ-5-Rádio Educadora de Limeira".
Este importante evento se verificou dentro da programação elaborada para a 1'
Festa da Laranja (que foi promovida naquele ano pelo Rotary Club), no recinto do 2°
Grupo Escolar de Limeira, que viria mais tarde receber o nome de Grupo Escolar Brasil e, na atualidade, chamado de Escola Estadual de 1° Grau Brasil.


Com grande afluência do público local e visitantes de fora, esses festejos
aconteceram na semana de 7 a 14 de maio daquele ano, contando com a presença de
autoridades do Estado, e visita do interventor Adhemar de Barros, acompanhado de seu
secretário da agricultura, o ilustre limeirense major José Levy Sobrinho.
Nesta "Semana da Laranja", foi eleita rainha da festa a jovem estudante Olga
Helena de Lucca, dileta filha de Thomaz de Lucca, e candidata pelo Colégio São José e
Escola Profissional Trajano de Camargo.
Como um dos participantes nesta P Festa, lembro-me que a sua maior atração foi
uma fonte em forma de uma enorme laranja, que intermitentemente jorrava para o alto,
jatos de caldo de laranja.
Alguns grandes produtores de laranjas da época, como o Dr. Joaquim A. Barros
Penteado, Mário de Souza Queiroz, Luiz Bueno de Miranda, Vicente Barone, Major José
Levy Sobrinho, Carolina Monteiro de Almeida, Mário Bocaiúva, José Roland, José Lirola
Ruiz, H. Levy & Cia, se fizeram presentes na Exposição, montada no interior do grupo
escolar, recebendo prêmios só aqueles com as frutas de melhor qualidade, apresentadas ao público em decorados estandes, distribuídos estes pelo recinto da exposição.
Em 1939, Limeira contava 16.500 habitantes na sede e 33.500 na sua área rural. A
produção citrícola colhida, de 1.300.000 caixas. Dezoito unidades de processamento da
laranja funcionavam a todo o vapor no dito ano, divididas entre Packing Houses
(barracões para beneficio e embalagem das frutas destinadas à exportação) e Barracões
simples de embalagens para a laranja encaminhada ao mercado interno, que ainda era
nessa época de diminuta amplitude. Nossa cidade, portanto, dependia extremamente da
cultura citrícola na sua atividade econômica.
Destacavam-se, nesses tempos, como grandes exportadoras as firmas: Edmond
Van Parys, José Lirola Ruiz, Kenyon & Cia. Ltda. (Casa da Laranja) e Goodwin, Cocozza
& Cia Ltda.
Quanto ao restante da nossa produção agrícola (café, cana de açúcar, algodão, arroz
e milho, além de pequenas culturas de abacates e mangas) se constituía, nesse ano, de
pouca significação em relação à citricultura.
Embora a nossa 1ª Festa da Laranja transcorresse num clima de euforia, face à
produção e exportação de laranjas chegando no auge, já se vislumbravam no horizonte as negras nuvens que estavam se formando nos céus da Europa.
Fruto de disputas e conquistas territoriais, perseguições e insanáveis rivalidades
econômicas e políticas entre as potências européias, isso viria a dar no que deu! A 1 de setembro de 1939 estoura a 2' Guerra Mundial. As nossas exportações agora de citros, acabam suspensas... e outra crise se abate sobre Limeira.

O surpreendente é que, foi através do rádio que chegou a Limeira, em primeiro
lugar, a notícia bomba da eclosão daquele conflito mundial. Trabalhava eu na firma "Ranciaro & Fenga", na rua Senador Vergueiro, e na tarde daquele dia chega o Palmyro, gráfico da vizinha Tipografia Pellegrini, todo esbaforido, dando a fatídica notícia, que ouvira pelo rádio que o proprietário da vizinha tipografia costumava ligar, durante o seu período de trabalho. No dia seguinte, a nossa Educadora preparou um noticiário especial sobre o que estava acontecendo no Velho Mundo.


Com esse conflito, as exportações são suspensas... A renda dos citricultores
definha. Inúmeros trabalhadores das packing houses e colhedores de laranja são
inapelavelmente despedidos, trazendo com isso um preocupante problema social na
cidade. No decorrer dos anos seguintes, a grande maioria dos pomares de Limeira é
abandonada, por falta de tratos, e daí surgindo a "tristeza" — uma moléstia terrível que causaria o definhamento e conseqüente morte dos laranjais.
Descoberta a causa da "tristeza", os agricultores passam a reinvestir na
substituição dos pomares condenados, com o emprego de novas técnicas e demais
recomendações do Instituto Agronômico de Campinas, tudo isso com as vistas voltadas
para o futuro.
Para substituir as exportações perdidas, indústrias de óleo essencial de limão,
pectina cítrica, vinhos de laranja e extração de suco de laranja (com máquinas
desenvolvidas aqui em Limeira) são então fundadas, buscando os industriais remediar a
crise instalada em nossa citricultura, enquanto a malfadada 2' guerra não terminasse.
A2" Festa da Laranja somente se realizaria no ano de 1948, apenas como uma seção
da Exposição Industrial, levada a efeito na Casa da Laranja da rua Cunha Bastos. Nesta altura, o setor industrial de Limeira já se tinha desenvolvido enormemente, conseqüência do surto industrial havido no país, com o fim da 2a guerra, em 1945.
O governo do Gal. Dutra, com enormes reservas monetárias acumuladas durante a
guerra, realiza a partir daquele ano substanciais importações, estimula a produção interna, instala a Cia. Siderúrgica Nacional e encomenda frota de navios de longo curso e muitas outras realizações. Com o desenvolvimento, também chega sem ser convidada, a inflação, fenômeno este que só seria combatido de verdade em 1994, com o plano Real.

Mas voltando ao ano 1939, depois que a Rádio Educadora é inaugurada
oficialmente em 7 de maio, só foi possível ela entrar no ar, funcionando no período das 10 às 22 horas, somente no dia 29 de junho de 1939 (após formalizada a sociedade, adquirida a aparelhagem importada, realizados os testes necessários e aguardada — por quase um ano -, a chegada do alvará federal autorizando seu funcionamento!).
O país vivia então numa férrea ditadura, e a desconfiança com tudo e todos no governo federal constituía um problema muito sério! Para se conseguir este desiderato, contaram os acionistas da rádio com as interferências do prefeito Ary Levy Pereira, do Major Levy e a "força" do Interventor Adhemar de Barros junto ao governo getulista; enfim, saiu o tão sonhado alvará.
Havendo sido a fundação da Rádio Educadora iniciativa e obra exclusiva do
capitão Ary Levy Pereira, este convidou, para integrar a sociedade anônima, um grupo de empresários idealistas, comprometidos com o progresso da cidade, entre os quais
citamos: Ernesto Lencioni, José Gullo, Ricardo Rodrigues, Manoel Simão Barros Levy e
seu irmão Levy José de Barros Levy, Victorio Lucato, Renato Pereira Guimarães, Victor
D'Andréa, José Zaccaria e Gino Battiston, sendo que, nesta sociedade, Ary Levy Pereira detinha a maioria das ações.


Há que se considerar que o pioneirismo de Ary Pereira retroagiu a meados de 1936,
que foi quando ele estabeleceu inicialmente um "Serviço de Alto Falante", que espalhava seus sons por toda a praça Toledo Barros. Estas informações foram obtidas, um dia, numa conversa que tive com José Peixoto (o Peixotinho, antigo técnico de rádio e televisão e que também trabalhou na Rádio Educadora, nos idos de 1939). Disse ainda Peixotinho que, esse serviço funcionou até fins de 1938.
Aconteceu, no entanto que, mais ou menos entre junho a dezembro daquele ano, Ary o substitui por uma pequena estação de rádio experimental, mas que era clandestina, cujos estúdios foram montados à rua Senador Vergueiro, no quarteirão entre a Dr. Trajano e Barão de Campinas. Deu à estação o nome de "Rádio Club de Limeira", e, através de urna linha especial, passou o Alto Falante da praça Toledo Barros a retransmitir somente programas desta nova estação!
Não possuindo licença, essa Rádio Club só funcionou cerca de seis meses, até que
por lá baixou a fiscalização. Segundo depoimento prestado por Luiz Sassi Netto a José Eduardo Heflinger Júnior, publicado na Revista Povo, número de novembro-97, ele, Sassi, além de proprietário na época de urna Barbearia, atuou também como "speaker" (locutor) no "Serviço de Alto Falante" da Praça Toledo Barros, convidado que fora por Rubens Quadros. À guisa de complementação daquele depoimento, queria esclarecer que os estúdios do alto falante que se localizavam à rua Dr. Trajano, de frente à Praça, ficavam bem ao lado do antigo Bar e Café Sônia. Havia ali, pegado a esse bar, um largo corredor, onde nos fundos funcionava uma pequena fabricação de ladrilhos do cap. Ângelo Piscitelli. Pois é, ao seu lado, em pequeno cômodo, se instalaram em 1936 o estúdio, microfones e demais aparelhagem de som do Alto Falante, que como já vimos, pertenciam ao empresário Ary Levy Pereira.
O alto falante na praça se limitava a transmitir números musicais (de preferência
atendendo pedidos de ouvintes), intercalando entre um disco e outro, anúncios
comerciais. Uma vez por outra, divulgava notas e avisos de interesse do público, e até mesmo, realizava às vezes algumas entrevistas. O "serviço" durou cerca de dois anos e meio.
Contou ainda Sassi na sua entrevista, que nos anos 30, o seu amigo Eduardo
Buzolin montou experimentalmente urna estaçãozinha clandestina de rádio, cujo raio de
alcance não ia além de 1.500 metros, e que ficava escondida na cabine de projeção de
filmes do Cine Central! O locutor era o Dino Libaldi, e foi ali onde iniciou a sua carreira de radialista. Essa rádio experimental também teve vida efêmera.

Depois que surgiu a Rádio Educadora, Luiz Sassi e Rubens Quadros foram também convidados a ser locutores da nova estação. Trabalhou inicialmente como sonoplasta e discotecário o José Peixoto (Peixotinho), e algum tempo depois foi
contratado para este serviço o Oswaldo Santos, passando este a cumular, também, as
funções de diretor artístico da rádio. Para assistente técnico foi convocado o Geraldo Wiss, e neste cargo permaneceu por muitos anos na Educadora.
Contou-me em conversa, um dia, o amigo Sassi que: "os ouvintes e tais de seu
programa diário na Educadora, costumavam _dançar em suas residências, ao som dos
discos rodados na picape da PRJ-5, bem como ao som de conjuntos musicais que lá Se
apresentavam — ao vivo. Havia, também, nos seus programas, um quadro para
declamações de poesias e apresentação de rápidos esquetes".
Uma das pessoas que mais batalharam para transformar em realidade a criação de
uma estação de rádio em Limeira, foi com certeza o comerciante Ernesto Lencioni (um
apaixonado pelo rádio), e que por isso foi escolhido por Ary Pereira para ser o primeiro gerente da Educadora de Limeira.
A primeira sede da rádio foi inicialmente na rua Senador Vergueiro (na altura do
atual n° 720 daquela rua), funcionando em uma residência que ali existiu, recebida em
herança por Da. Maria Kühl Tank. Nos fundos do quintal deste imóvel, foi erguida a primeira torre transmissora dos sinais da rádio, sendo esta cedida a título de empréstimo, gentilmente, pelo Manoel Simão Levy, um dos acionistas da nova radioemissora.
Ao ser comemorado o 59° aniversário da inauguração da Rádio Educadora de
Limeira-AM, se encontrava à frente da estação o diretor de operações Caio Arcaro
Bortolan, jovem de apenas 22 anos, filho de Vitório Bortolan Filho e dona Nadir Arcaro Rortolan.
Caio Bortolan, anteriormente, já auxiliava o pai na administração das duas rádios
da família, além de apresentar um programa de variedades (com comentários,
atendimento de pedidos musicais feitos por habituais ouvintes, e notícias diversas, tanto da cidade como do restante do país). Aliás, esse programa diário é até hoje muito apreciado e de larga audiência em seu horário da tarde, continuando a ser levado ao ar pelo próprio Caio.
Pois bem! Gravemente enfermo há alguns anos, vem Gu Bortolan (o então presidente da Rádio) a falecer em outubro de 1997. E o jovem Caio, sendo o mais enfronhado nos negócios, é escolhido pela família para substituí-lo na administração da Educadora e da Estereosom. Empreitada, aliás, que este jovem empresário vem levando a
cabo, a inteiro contento, já tendo a seu crédito a contratação de novos valores, a
reformulação da programação de sua rádio, sem considerar os investimentos iniciados,
que virão trazer o aumento de potência para cinco quilowatts, no seu transmissor, além da instalação de equipamentos mais atualizados para a operação da emissora.
Mas a saga da Família Bortolan no radialismo limeirense não se limitou apenas ao
Caio Bortolan. A história começa lá pelo ano de 1946, quando o avô de Caio — Victorio Bortolan (chefe de escritório e gerente da "Casa dos Móveis", de Rosenthal & Cia., importante firma comercial e industrial do ramo de móveis, que foi estabelecida na cidade à rua Barão de Campinas n° 20), assume a direção geral da Rádio Educadora de Limeira, já que o senhor Bernardo Rosenthal (seu antigo patrão e sócio), havia adquirido a maioria das ações da referida rádio junto aos antigos proprietários.
No período em que Victorio dirigiu a Educadora, a mesma conheceu sensível
progresso (novas instalações e aumento progressivo de potência de seus transmissores)
passando assim a ser ouvida em toda região.
Em setembro de 1951 a PRJ-5 muda-se para o sobrado do antigo Cine Rádio,
situado à rua Santa Cruz n° 691 (onde hoje está a firma Supermercado de Tecidos). Depois de longos anos neste endereço, as instalações da Educadora são novamente transferidas, agora para a ma Carlos Gomes, 729, no novo prédio especialmente construído por Vitório Bortolan, já que, havendo adquirido a participação de Bernardo Rosenthal, que se mudara definitivamente para São Paulo, ele praticamente se tornou o único proprietário da emissora. Nesta altura, o transmissor da estação se achava definitivamente instalado na saída de Piracicaba (início da rodovia Limeira — Piracicaba, nas proximidades do atual hospital da Humanitária.


A era da televisão, que se iniciara em nosso país no ano de 1950, através da pioneira
TV-Tupi, ainda não constituía séria concorrência para as estações de rádio; o que, só aconteceria mesmo a partir dos anos 60.

Em plena atividade na rua Carlos Gomes, entretanto, vem o senhor Vitório
Bortolan a falecer em 22 de março de 1990. Na época, como radialista, ele apresentava um antigo e popular programa, na hora do almoço, denominado de "A Voz do Povo", que hoje em dia, renascido, está sendo conduzido na Educadora pelo jornalista e brilhante narrador esportivo Osvaldo Davoli.
Assume no lugar do pai, Vitório Bortolan Filho (conhecido na roda de amigos por
"Gu Bortolan"), que dá assim continuidade às atividades normais da Educadora.
Em seu período administrativo, "Gu" consegue instalar a FM do grupo, batizada de
"Rádio Estereosom" e, enquanto aguardava o término da construção da nova sede, no
jardim Elisa Fumagalli (instalações estas dentro de novos conceitos e tecnologia mais
avançada, inclusive com aparelhamento para shows e outras transmissões externas), Gu
Bortolan muda provisoriamente os estúdios da rádio para a rua Dr. Trajano n° 1127.
Há bem poucos anos é que a sede da Educadora/Estereosom se encontra lá no
complexo do jardim Elisa Fumagalli, para onde foi levada, ainda em vida, pelo hoje
saudoso Vitório Bortolan Filho.
Não poderia mesmo abordar aqui a trajetória de nossa legendária Educadora de
Limeira, sem que deixasse de citar alguns radialistas que nela atuaram em tempos
passados e que realmente deixaram saudades junto à sua legião de fiéis ouvintes. Os
quatros primeiros locutores foram: Rubens Quadros, Luiz Sassi Netto, Geraldo Libaldi
Júnior (o Dino), e Pantaleão Perillo; depois vieram Hélio Bortolan, Ernestinho Lencioni, Dorival Prado Pereira, Souza Leão, Tancrede Orsi, Lauro Goriel, Geraldo Cabrini, Baptista Petrelli, Rubens Garcia, Antonio Carlos Mesquita, Brisolinha, Antonio Santana Vasconcellos e, outros, também valorosos, de cujos nomes no momento não consigo me lembrar.


Quanto à outra rádio existente na cidade Rádio Jornal do Povo-AM (atual Rádio Mix AM 770 KHz)) que faz parte integrante da rede de rádios de propriedade do conhecido empresário Orlando José Zovico), ela foi fundada em 9 de julho de 1962 pelo Laércio Corte.
Um outro acontecimento havido em 1939, digno de registro, foi a montagem e
inauguração de urna passarela metálica sobre os trilhos da Cia. Paulista de Estradas de Ferro, ligando a rua Senador Vergueiro à rua da Boa Vista, no outro lado da linha férrea, iniciativa esta atribuída à Estrada de Ferro (a atual FEPASA).
A idéia era facilitar a passagem às pessoas que, morando no bairro da Boa Vista
necessitassem vir ao centro da cidade, ou vice-versa, isto é, que precisassem percorrer aquele trajeto em sentido contrário. Corno essa passagem era elevada, sobre os trilhos, contendo vários degraus para subir e outros tantos para descer até ao rés do chão, ela foi apelidada na época de: "Ponte dos Suspiros", pois as pessoas que subiam chegavam lá no seu topo ofegantes e quase sempre suspirando.
De acordo com o que é citado no Suplemento histórico da Gazeta de Limeira (edição do ano de 1980), atribui-se ao Jucão (José Marciliano da Costa Júnior) que era então secretário da Prefeitura, o apelido dado àquela folclórica passarela da Senador Vergueiro.
Na segunda administração do prefeito municipal Dr. Jurandyr Paixão de Campos
Freire, aquela celebrada passarela é desmontada, a fim de possibilitar a canalização do ribeirão Tatu naquele trecho. E, assim, terminou melancolicamente a existência da "Ponte dos Suspiros". Em seu lugar, foi construída uma nova e imponente passarela por aquele prefeito, bem ao lado do Viaduto da rua Santa Cruz.

*Texto retirado do "Caderno de Memórias" - Associação Pro-Memória de Limeira - Nº 1 - Fev/2011

Sunday, November 14, 2010

O deputado, esse ser emblemático


Numa das cenas mais instigantes do recém-lançado Tropa de Elite 2, o agora grisalho capitão Nascimento, interpretado por Wagner Moura, dá uma surra em um deputado corrupto. A estreia do filme do cineasta José Padilha está chegando ao recorde de público no cinema nacional, mas não é sobre cinema que vou discorrer neste texto. O deputado cretino que apanha do policial durão é uma metáfora do desejo oculto de cada brasileiro. Quem de nós não gostaria de socar um desses figurões que aparecem nos noticiários sempre atrás de denúncias de corrupção, onde arrebanham para proveito próprio verba pública que sai de nossos bolsos ou desdenham das leis? Capitão Nascimento, nessa cena, representa cada um de nós. É como a megera da novela da Globo que apanha da mocinha, e faz a audiência subir. Nossa ira está estampada em cada tapa desferida. Ah, os sentimos vingados com cada sopapo. Ainda não vi o filme, evidentemente. Mas pretendo ver. Não pelo deputado, mas para ver a abordagem de assuntos polêmicos, que enveredam sobre corrupção policial, violência, enfim. Mas a citação do deputado na situação é oportuna, mesmo porque acabamos de escolher novos postulantes aos cargos nas esferas estadual e federal. O cargo é tão disputado que quase duas dezenas de nomes concorreram para ele, em Limeira. E tanta gente acabou dividindo voto que ninguém foi eleito pela cidade. Mais uma vez. Tanta gente querendo a mamata, que nessas eleições, tivemos personalidades de várias áreas se aproveitando da popularidade. Alguns se deram bem. Mas quem, afinal, é essa figura emblemática que carrega tanta aura? Merece a tarja caricata empregada por João Plenário, o personagem assumidamente sem vergonha, sem ética, sem caráter e sem um monte de coisas do humorístico "A Praça é Nossa", do SBT? Sabemos que esses senhores ganham muito bem, têm imunidade parlamentar (gozam de ampla liberdade, autonomia e independência no exercício de suas funções). A Justiça tem que pedir licença à Câmara ou ao Senado para processar seus membros. Quando estão envolvidos em questões polêmicas e correm o risco de perder o cargo, sempre são inocentados pelos colegas do plenário, em situações explícitas de corporativismo. Muitos dos senhores que foram eleitos para esses cargos carregam um histórico de falcatruas que poderia colocá-los em outro local, mas o manto parlamentar os protege. Esse foi um dos fundamentos para a lei da ficha limpa, que ainda dá o que falar e vai deixar muitos sem cargo. Deputados já foram citados em casos onde utilizam verba pública de suas contas para pagar passagens aéreas para namoradas, superfaturamentos em licitações públicas, desvios de verba, mensalões, dinheiro na cueca, faltas nas sessões, enfim, uma infinidade de atos que envergonham (ou deveriam) a cada brasileiro. Quando, finalmente vão presos, logo saem da cadeia. Mesmo com a sujeira nas costas, são reeleitos. Não é à toa que ele está numa recente capa de Veja: capitão Nascimento é o Jack Bauer brasileiro, aquele que não espera os trâmites burocráticos e não tem medo de resolver a parada ali mesmo. Seja sufocando o traficantezinho com saco plástico ou socando o playboyzinho que sustenta o tráfico. Ou socando o tal deputado. Pena, que apenas na ficção.

atualizar, eis a quastão

Preciso criar coragem, gente...